Reforma Administrativa para corrigir rumos do Governo

Com a posse para o segundo mandato à frente do Palácio do Campo das Princesas, o governador Paulo Câmara (PSB) inaugura um novo período, com a possibilidade de reorientar as rotas e fincar o legado. O momento ainda é desafiador, mas diferente de quatro anos atrás: a economia brasileira dá sinais de melhoras e, em Brasília, sai Michel Temer (MDB) e entra Jair Bolsonaro (PSL). Nos últimos dias da primeira gestão, Câmara sinalizou o que pretende em relação à segunda, mas não fez qualquer promessa em seu discurso de posse desta terça (02).

Com a reformulação do secretariado e da estrutura administrativa, o governo estadual tentou corrigir alguns rumos. Alvo de crítica de aliados, a comunicação passou por mudanças, assim como ele também tentou sinalizar o foco na questão dos recursos hídricos, ao criar a pasta de Infraestrutura e Recursos Hídricos, e no social, ao manter a pasta de Desenvolvimento Social ao mesmo tempo em que criou a de Políticas de Prevenção às Drogas.

Criticado por movimentos sociais rurais pela falta de interlocução, Câmara colocou a Secretaria de Desenvolvimento Agrário nas mãos do PT, que detém articulação direta com algumas das principais entidades do segmento rural, como Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Federação dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares de Pernambuco (Fetape). Ademais, o gestor manteve os titulares de Defesa Social, Antônio de Pádua, e de Educação, Fred Amâncio, nas pastas. O primeiro conseguiu reverter os índices alarmantes na segurança, o segundo tocou aquela que é a vitrine do Estado.

Mas, sinalizações à parte, Câmara precisa mostrar que a reforma administrativa de fato vai melhorar a eficiência nos serviços, como ele justificou. O governador necessita também superar os problemas políticos de interlocução com o Governo Federal. Temer deixa o Palácio do Planalto, mas quem assume é Bolsonaro, a quem fez oposição durante a campanha eleitoral e quem já alfinetou durante a posse. Câmara já sinalizou que o momento exige que os palanques sejam desarmados, falta agora estreitar as relações.

Afinal, será necessária a ajuda do Governo Federal para o gestor lidar com dois desafios iminentes: segurança pública e desenvolvimento econômico atrelado à geração de emprego e renda. Entre outras, estas duas áreas lhe renderam dores de cabeça durante a primeira gestão à frente do Palácio do Campo das Princesas. Mas, com especial atenção à segunda, Câmara apontou que será uma das prioridades do segundo mandato.

Assim que assumiu, o socialista se deparou com um cenário adverso de recessão econômica e viu os índices de segurança pública chegaram a patamares preocupantes. Segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS), o Pacto Pela Vida atingiu 4.479 homicídios em 2016 e 5.426 em 2017, mas aos poucos tem apresentado melhoras. Entre janeiro e novembro de 2018, houve 3.862 homicídios, índice semelhante ao de 2015 (3.890), primeiro ano de gestão.

Em decorrência da crise, a economia caiu no primeiro momento, mas já vem apresentando uma retomada de crescimento. Em 2015, o Estado teve o pior Produto Interno Bruto (PIB), a soma das riquezas do Estado, da era Câmara com queda de 4,2% em relação ao ano anterior, segundo o Condepe/Fidem. Houve uma queda menor, de 2,9%, no ano seguinte, e, a partir daí, uma trajetória de crescimento: 1,6% em 2017 e 2,2% no terceiro trimestre de 2018. A Agência projeta finalizar o ano com crescimento de 2,1% a 2,5%.

O ajuste fiscal implementado pelo governo estadual foi o ponto chave para manter a máquina pública funcionando. A educação – com a qual o Estado alcançou a melhor posição no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), em 2016 – e as ações de abastecimento de água com a construção de diversas barragens e adutoras foram pontos relevantes do primeiro mandato. O governador, inclusive, fez destas áreas bandeiras de campanha que o levou à reeleição e enfatiza sempre que necessário. Agora, é a hora do segundo round. (FolhaPE)

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