Pilão Arcado e Campo Alegre de Lourdes na Bahia enfrentam desafios para o abastecimento de água

Se às margens do Rio São Francisco as cidades já enfrentam sérios desafios quanto ao abastecimento de água, as comunidades que já não dispõem de abundância desse recurso estão em situação ainda mais difícil. Essa é a situação encontrada na cidade de Pilão Arcado (BA) durante a visita técnica do Comitê da Bacia Hidrográfica dos Rios Baianos do Entorno do Lago de Sobradinho, onde foi realizada sessão ordinária, nos dias 13 e 14 de julho.

De acordo com o diretor-presidente do Serviço de Água e Saneamento Ambiental (SAAE) no município, Wagner Teixeira Santana, o serviço prestado na cidade passa por melhorias, mas ainda é necessário muito trabalho e orientação para atender a população de maneira satisfatória principalmente em referência ao ponto de captação da água, feito na comunidade chamada de Passagem. Nessa localidade, a captação da água é feita em um dos braços do Rio São Francisco, mesmo local que são despejados regularmente dejetos pelos frigoríficos instalados na localidade.

“Temos muitos desafios a ser enfrentados. Um deles é a presença de frigoríficos às margens do braço do rio onde é feita a captação de água para o abastecimento das cidades de Pilão Arcado e Campo Alegre de Lourdes. Precisamos do apoio de todos os órgãos competentes e nisso pedimos a intervenção do Comitê para que nos ajude a verificar medidas conjuntas para a realização da fiscalização regular nessa área, de modo a coibir a poluição do rio”, solicitou Santana.

Sinal mais visível da poluição dos rios, na comunidade de Passagem, onde o volume de água já é reduzido, deixando embarcações praticamente sem uso, se concentra grande quantidade de baronesa, plantas aquáticas que se proliferam em ambiente poluído. É desse local que sai a água servindo ao abastecimento de aproximadamente 65 mil habitantes entre os municípios de Pilão Arcado e Campo Alegre de Lourdes, onde o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é respectivamente 0,506 e 0,597. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais. O IDH vai de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 0, menos desenvolvida é a localidade.

O morador da cidade de Pilão Arcado, Eduardo Mariano, acompanhou a reunião e questionou quais medidas os órgãos competentes de defesa e preservação do rio estão adotando para que pessoas como ele, que vivem mais distante do leito do rio, não tenham tantos prejuízos quanto ao abastecimento. “Vim a essa reunião porque quero saber qual a situação do rio e o que está sendo feito para resolver. A cada dia que passa, vemos o rio secar e isso significa que tem coisa errada”, disse o morador preocupado.

Durante a sessão ordinária que debateu a situação da cidade, estiveram presentes representantes das prefeituras de Pilão Arcado e Casa Nova, Câmara de Vereadores, Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), Secretaria do Meio Ambiente (BA), Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia (SINDAE) e a Associação de Fundo de Pasto, além da sociedade civil.

Reforçando a solicitação do diretor-presidente do SAAE, o Secretário de Agricultura do município de Pilão Arcado lembrou ainda a importância de pensar ações que podem reduzir os danos ao meio ambiente. “Temos o objetivo de resolver o problema enfrentado pelas comunidades e o município, a exemplo do que é encontrado em Passagem. Para isso, precisamos congregar forças para construir soluções viáveis e de acordo com nossa realidade”, afirmou.

Segundo a avaliação da presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica dos Rios Baianos do Entorno do Lago de Sobradinho, Silvana Leite, a cidade irá receber apoio do comitê para intermediar junto aos órgãos competentes, ações que contribuam para uma solução quanto ao abastecimento de água nas duas cidades. “Assumimos o compromisso de emitir ofícios explicando a situação encontrada e solicitar apoio para que tenhamos resultados efetivos”, explicou a presidente que acrescentou sobre a viabilidade de realizar encontro na cidade com as coordenações de Câmara Consultiva Regional (CCR) do Submédio e Médio São Francisco. “Queremos mobilizar as CCRs e propor mais um encontro para continuarmos o debate e a busca de soluções”, concluiu.

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