Futuro de negociações entre Mercosul e União Europeia preocupa deputados

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A decisão dos britânicos pela separação da Grã-Bretanha da União Europeia (UE) preocupa deputados brasileiros, que temem pelo futuro das negociações do Mercosul com o bloco político e econômico europeu, que hoje congrega 28 países.

Dezesseis anos após o início das conversas em torno de um acordo de comércio global que deveria prever a redução de impostos alfandegários, o fim de barreiras e melhoria de regras relacionadas a compras governamentais, eles afirmam que não houve avanços.

Parlamentares envolvidos nesse debate, como o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), membro da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, considerou o resultado do referendo de ontem (23) uma surpresa que revela a desagregação e a crise vividas pela União Europeia e atribuiu o estopim ao peso da Alemanha no bloco.

Segundo Zarattini, a tendência de um efeito cascata, levando outros países ao mesmo caminho, deixa o Brasil em alerta. “Há anos estamos buscando o acordo [entre blocos]. Provavelmente, teremos mais um adiamento dessas discussões, com reflexo nas relações comerciais com o Brasil.”

Conforme números oficiais, em 2015, as exportações brasileiras para a UE somaram US$ 33,9 bilhões, 19,3% a menos que no ano anterior (US$ 42 bilhões). A participação da União Europeia nas exportações brasileiras caiu de 18,7%, em 2014, para 17,8%, em 2015. No ano passado, o Brasil importou da UE um total de US$ 36,6 bilhões, com queda de 21,6% sobre o valor registrado em 2014 (US$46,7 bilhões). A participação da UE nas importações brasileiras elevou-se de 20,4% para 21,4%.

“A situação para o Brasil e para o acordo com o Mercosul fica mais difícil agora”, concluiu Zarattini. A primeira troca de ofertas entre os blocos, ocorrida em 2004, não teve sucesso e paralisou a negociação por seis anos. As negociações foram retomadas em 2010, com a realização de nove rodadas de conversas e, em maio deste ano, os dois blocos reuniram-se em Bruxelas para uma oferta inicial que não agradou a nenhum dos lados. Outro encontro estava previsto para o fim deste mês.

O presidente da Comissão de Relações Exteriores, Pedro Vilela (PSDB-AL), adotou uma postura mais cautelosa e disse que só pretende se manifestar depois de ouvir autoridades europeias, brasileiras e britânicas para as quais pediu informações.

Assessores de Vilela afirmaram que o parlamentar deve divulgar nota, nas próximas horas, com um prognóstico do cenário e previsões de impacto para o país.

O líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (DF), foi mais além em sua avaliação e considerou o passo do Reino Unido uma tendência mundial.

“As nações são soberanas, e pode estar se iniciando um processo de desfiguração dos blocos que, de certa forma, retiram a identidade de cada país”, afirmou Rosso. (Agência Brasil)

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