Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro vão adotar vacina fracionada da febre amarela

O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira (9) que os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia vão adotar a dose fracionada da vacina contra a febre amarela.
Com a divisão, uma dose que antes era aplicada em uma só pessoa será destinada para quatro. Segundo o Ministério da Saúde, uma mesma dose poderia servir para até cinco pessoas — mas o governo irá trabalhar com uma “margem de segurança”.
A decisão tem por base testes da Fiocruz que indicaram que uma dose de 0,1ml (a dose padrão é de 0,5 ml) garante a imunidade por oito anos.
“Há oito anos se acompanham os resultados com pessoas que receberam a dose fracionada e a imunização é a mesma dos que receberam a dose padrão”, declarou o ministro Ricardo Barros.
A meta do governo é vacinar 19,7 milhões de pessoas em 75 municípios destes estados. Ao todo, 15 milhões receberão a dose fracionada da vacina e outras 4,7 milhões, a dose padrão.
O ministério informa também que a dose fracionada não será destinada a todos. Crianças de 9 meses a até 2 anos, pessoas com condições clínicas específicas (como pacientes com HIV/Aids), gestantes e viajantes internacionais vão continuar tomando a dose padrão.
Segundo Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a dose padrão será mantida nessas populações porque elas já possuem dificuldade de desenvolver resposta imunológica à vacina com dose de 0,5 ml.
“Faz sentido manter a dose inteira, já que são populações que normalmente não respondem bem à vacina”, comenta.
Um outro motivo é que não foram desenvolvidos estudos específicos nesses grupos para atestar a eficácia do imunizante. Já no caso dos viajantes, a vacina padrão será mantida porque não há regulamentação internacional da Organização Mundial de Saúde para as doses fracionadas em caso de viagem.
A divisão de uma mesma dose já vem sendo estudada há algum tempo pelo Ministério da Saúde, que chegou a cogitar o fracionamento em março do ano passado. Agora, com a divulgação de mais casos e mortes em São Paulo, a pasta decidiu adotar a divisão para garantir a imunização.
Ao todo, 11 casos foram confirmados desde julho de 2017: SP (8), RJ (1), MG (1) e DF (1).
O ministério informa ainda que 92 casos de febre amarela estão em investigação e 278 foram descartados. Em animais, 358 casos foram confirmados.
As vacinas serão fornecidas e produzidas por Bio-Manguinhos, laboratório da Fiocruz, mesma instituição que fez testes com a vacina fracionada que demonstraram sua eficácia.
“Não sabemos a extensão do que vai acontecer com a febre amarela neste ano e por precaução estamos regulando nosso estoque para eventuais necessidades”, disse Barros.
É a primeira vez que a divisão da vacina é feita no Brasil — antes, o método havia sido usado na África em 2016, também com fornecimento da Fiocruz.
OMS aprovou divisão em casos especiais
A estratégia de fracionamento é uma medida preventiva recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) quando há aumento de epizootia (espécie de epidemia que atinge animais) e casos de febre amarela silvestre de forma intensa, com risco de expansão da doença em cidades populosas e que não tinham recomendação para vacinação até então.
De acordo com o ministério, estudos feitos pela Fiocruz garantem que a pessoa vacinada com a dose fracionada tem pelo menos 8 anos de imunidade.
“Nós acompanharemos os estudos. Se em um determinado momento, a dose fracionada apresentar uma redução, vamos chamar de volta. Pode ser que algum dia, se precisar, vamos chamar para um reforço”, disse Ricardo Barros.
O ministro disse ainda que não está descartado ampliar o fracionamento se surgir necessidade de vacinação em outras regiões com grande população.

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